A teologia das religiões como elemento necessário à missão no cenário de diálogo contemporâneo

por Rafael Zulato Langraff

Este é o segundo texto de uma série de cinco com base no livro “Missão transformadora – mudanças de paradigma na teologia da missão”. O presente artigo descrever os argumentos de David J. Bosch acerca da teologia das religiões apresentado pelo autor na terceira parte do livro, onde ele aponta – entre outras doze características – a missão como testemunho a adeptos de outras religiões vivas.[1]

 

MODELOS DE POSTURA

 

Os filósofos iluministas do século 18 defendiam a tese de que as religiões deixariam de existir em um futuro próximo devido aos avanços científicos. Contudo, ao contrário do que acreditavam, as religiões continuam em pleno crescimento e isto não é exclusividade do cristianismo. Como resultado da globalização, cada vez mais a igreja precisa interagir com outras religiões como o islamismo, o Budismo e o Xintoísmo, dantes raras no ocidente. A grande questão é se a igreja está preparada para responder a este desafio sem precedentes.

A reflexão acerca dos modos de lidar com as diferenças existentes em outras crenças normalmente é feita através dos estudos de religiões comparadas ou da ciência da religião. O primeiro busca elencar e estudar as características peculiares de cada religião, enquanto o segundo trata-se de um estudo descritivo mais preocupado com aspectos sociológicos ou antropológicos. Como alternativa, a teologia das religiões compreende os pontos em comum na gênesis de todas as religiões que servem de convergência para expor o cristianismo. Espera-se da igreja uma postura de tolerância, não a despeito de sua defesa acerca da verdade do evangelho, mas por causa desta verdade. Deve-se enfatizar a centralidade da revelação completa em Cristo sem rejeitar a revelação geral de Deus na humanidade.

No estudo da teologia das religiões, podemos dividir em dois grandes grupos as diversas crenças não cristãs: o primeiro é composto por cosmovisões que oferecem salvação imanente. Trata-se das ideologias políticas e de discursos filosóficos como o materialismo, o humanismo e o consumismo, entre outros. O segundo grupo envolve outras religiões que apresentam uma cosmovisão diferente do cristianismo como, por exemplo, o islamismo, o budismo e o xintoísmo supracitados.[2]

Dentre as posturas comumente adotadas na relação com as diversas crenças, encontram-se quatro modelos distintos. Um deles é característico do ateísmo para o qual não existe verdade contida nas religiões. Esta posição não é relevante para este estudo, uma vez que não serve ao cristianismo. Focaremos, portanto, nas três posturas possíveis e consequentemente identificadas no cristianismo.

Um primeiro modelo de postura…

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[1] Bosch, p.566-584

[2] Para mais sobre cosmovisão e secularismo, leia o artigo https://www.martureo.com.br/a-missao-no-territorio-secular-atual/ do mesmo autor.

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