O modelo de Jesus como um protótipo para a missão – Parte 2

Recusa em criar um só grupo exclusivo e simplicidade longe de sensacionalismos

Carlos Madrigal Mir

A Parte 1 de “O modelo de Jesus como protótipo para a missão” pode ser acessada aqui. Inclui:

Introdução

1) A essência das boas novas trazidas por Jesus;

2) Sua forma de se relacionar individualmente;

3) Seu distanciamento de utilitarismos políticos.

Esta segunda parte traz os seguintes tópicos:

4) Sua recusa em criar um só grupo exclusivo;

5) O poder de sua simplicidade longe de sensacionalismos.

 

4) Sua recusa em criar um só grupo exclusivo

É a igreja, que aguardava Jesus, uma instituição ancorada neste mundo, uma organização hierarquizada a que se atribui o controle e administração da pureza da fé? Ou é uma associação espontânea de irmãos atentos ao Espírito e com alma peregrina, que como o ar que respiramos não faz discriminação de fronteiras ou culturas? É difícil chegar a conclusões axiomáticas com as poucas menções diretas de Jesus (Mt 16.18; 18.17). Fora de sua insistência na autoridade outorgada à “igreja” para atar e desatar no céu e na terra (Mt 16.19; 18.8), pouco mais sabemos. E essa autoridade, em que forma queria que a exercêssemos? O único indício prático que Jesus nos dá é falar da associação daqueles que, em oração, invocam seu nome, e da promessa de que ele estará presente para garantir o exercício dessa autoridade (Mt 18.19-20).

O que sabemos é como a igreja evoluiu na história. E a história da igreja em nível institucional é, em muitos casos, uma história de confrontações e divisões. No entanto, a igreja dos “crentes a pé”, daqueles que não buscam nem notoriedade nem os entretenimentos deste mundo, em muitos casos, foi uma história de amor a Jesus, de almas redimidas pelo evangelho, de luta pelos menos favorecidos e de obras heroicas de fé.

Mas a pergunta é: como Jesus queria que nos associássemos? Queria um grupo monolítico e ferreamente montado, ou pensava mais em uma multidão de expressões livres e harmoniosas unidas por um espírito de aceitação mútua? Mais além, antecipando a proliferação de uma imensidão de expressões e maneiras de viver a fé, como ele esperava que se salvaguardasse a unidade? Ou melhor, toda essa exuberância não seria uma oportunidade para consolidar o nível de unidade que ele desejava? Na verdade, mais que a unidade (desejo evidente no coração de Jesus: Jo 17.21), quero destacar precisamente a diversidade. Essa “diversidade” que talvez tenha sido uma desvantagem no passado, mas que hoje é ou deve ser uma oportunidade para potencializar o modelo de Jesus.

Nos tempos de Novo Testamento, rapidamente afloraram certas rivalidades, e assim Paulo se viu obrigado a perguntar: “Acaso Cristo foi dividido?” (1Co 1.13). Lamentavelmente, a resposta a essa pergunta desgarradora de Paulo é “sim”. Parece uma pergunta [tola] pois como Cristo vai se dividir se é um só? Mas a divisão entre cristãos significa a divisão do corpo místico de Cristo, isto é, da igreja que agora está na terra. O drama não é que os cristãos estejam divididos, mas que, devido a isso, Cristo aparece dividido! E o mundo não sabe em qual das diferentes versões de Jesus crer. A versão que necessitamos é a dele, de humildade e mansidão, de sacrifício e altruísmo, de liberdade e paz gozosa… do abraço a todos os diferentes. Tristemente, nos centramos mais na versão teológica e institucional, e, por isso, naquela que abre a porta para as não conformidades, discussões e confrontações. Esquecemo-nos da “versão” do amor fraternal e da aceitação mútua.

É bom e necessário ter uma cristologia saudável, mas é melhor ter uma boa “cristofilia” (amor a/de Cristo), buscando a concórdia e evitando a desmembramento da igreja.[1] Também é bom ter uma boa estrutura e organização, mas é melhor ter uma relação de cordialidade e camaradagem entre todos. Defender certa “verdade” não nos impede de abrir os braços ao desconforme em sinal de amor. Mostrar tal proximidade ao “errado” não implica ratificar o erro. Trata-se, sim, de um convite para superá-lo.[2] Uma liderança eficaz não conflita com guardar a harmonia e avançar junto em direção a uma meta comum. Nas divisões, na verdade, a defesa da “verdade” ou da “liderança espiritual” é e foi mais a desculpa que a causa. Desculpa para litígios de poder, intransigências doutrinais, sectarismos nocivos. E, como estando por cima, essa ou aquela parte se vê como possuidora da verdade ou com o monopólio para representar a Jesus com exclusividade.

Um irmão me contou uma história ocorrida em sua cidade. A “igreja de Deus” se dividiu, e o ramo dissidente abriu uma nova Igreja com o nome de “igreja de Deus em Cristo”. Tempos depois, essa igreja também se dividiu, e o grupo que saiu abriu dessa vez uma igreja em frente e, para distingui-la da anterior, chamou-a de “igreja de Deus, não em Cristo”. Lamentável, mas correto!

No entanto, Jesus visualizou uma forma muito diferente de se agrupar, de conservar a diversidade e ao mesmo tempo a unidade. Creio que ele quis deixar isso bem claro. Como? Jesus foi taxativo quanto às demandas de fidelidade à sua pessoa, mas igualmente taxativo quanto à liberdade de se associar de formas diferentes aos que invocassem seu nome. Vejamos:

  • “Quem não está comigo opõe-se a mim (…)” (Mt 12.30).
  • “Quem não é contra nós é a favor de nós (Mc 9.40).

Essas duas sentenças (aparentemente contraditórias) são a cara e a coroa da mesma moeda. No entanto, a primeira facilmente se arvora como argumento para excluir ou depreciar os que pretensamente “comprometeram a verdade de Cristo”. Ignora-se a segunda sentença, por meio da qual Jesus nos previne contra o exclusivismo sectário. Repito: Jesus faz proclamas exclusivistas quanto à sua pessoa, mas faz um claro chamado conciliador quanto à forma como pessoas diferentes que invocam seu nome devem se relacionar.

O primeiro anúncio de Jesus surge como reação aos que o acusavam de atuar com o poder de Satanás. É uma ratificação de sua origem e autoridade divinas (Mt 12.22-32). Aqui não pode haver titubeios. O segundo anúncio surge como reação a seus discípulos por sua atitude intransigente, controladora e supremacista com “outros” que invocam seu nome. É um convite à tolerância, à flexibilidade e à aceitação mútua. Vejamos a passagem em Marcos:

João disse a Jesus: “Mestre, vimos alguém usar seu nome para expulsar demônios; nós o proibimos, pois ele não era do nosso grupo”. “Não o proíbam!”, disse Jesus. “Ninguém que faça milagres em meu nome falará mal de mim a seguir” (Mc 9:38.40).

Ou, na versão de Lucas: “(…) quem não é contra vocês é a favor de vocês” (Lc 9.50).

Não quero entrar em uma análise detalhada, mas destacar um par de ideias principais. O problema, segundo seus apóstolos (João fala como representante deles), é que o tal exorcista não os seguia. Suponhamos que a preocupação de João não fosse somente sobre o fato de que aquele homem não seguia o grupo dos doze (ou o grupo mais extenso dos discípulos), mas que não seguia o grupo em que estava Jesus e, portanto, não seguia o Mestre. Contudo, parece que para Jesus isso não parecia um problema. E mais, de sua resposta em Lucas, entende-se que o descontentamento de João era mais fruto de ele não os seguir (isto é, os apóstolos): “quem não é contra vocês (…)” (Lc 9.50).

Quantas vezes se lançou mão do argumento da sucessão apostólica para desqualificar outros? Por isso, a resposta do Mestre é desconcertante. O próprio Paulo insinua que discriminar outros em prol da fidelidade aos apóstolos ou a Jesus é dividir Cristo – “Refiro-me ao fato de alguns dizerem: ‘Eu sigo Paulo’, enquanto outros afirmam: ‘Eu sigo Apolo’, ou ‘Eu sigo Pedro’, ou ainda ‘Eu sigo Cristo’. Acaso Cristo foi dividido? Será que eu, Paulo, fui crucificado em favor de vocês? Alguém foi batizado em nome de Paulo?” (1Co 1.12-13). Até certo ponto, podemos chegar a entender que alguns sintam maior afinidade por Paulo ou por Apolo ou por Pedro. Mas, se usamos isso como desculpa para depreciar outros crentes e nos colocarmos em algum tipo de linhagem espiritual, isso não é nada além de um sintoma de arrogância, e alimenta um espírito de divisão (que é o que a palavra heresia significa originalmente). No entanto, apelar ao nome de Cristo para proclamar nossa fidelidade a ele poderia parecer um sinal de espiritualidade. Mas, segundo Paulo, se isso é feito para rejeitar ou excluir outros grupos, isso é dividir Cristo. E, talvez, essa seja a divisão mais escandalosa: é aquela que usa Cristo como desculpa!

Seja como for, mesmo na suposição de que João estivesse preocupado porque tal senhor que expelia demônios em nome de Jesus corria o risco de andar desviado por não aderir ao grupo de Jesus, a resposta de seu Mestre lança por terra seu argumento. Com aquelas palavras, Jesus comunicou o seguinte: “Ele não vem com esse grupo (que é o grupo que eu lidero), mas, de alguma maneira, me segue, já que utiliza meu nome de forma efetiva”. Não como aqueles que, como diz o livro dos Atos dos Apóstolos, sondavam os demônios dizendo: “Ordeno que saia em nome do Senhor Jesus, a quem Paulo anuncia” (At 19.13), e, fracassando em seu empenho “…fugiram da casa, despidos e feridos” (At 19.16). Sobre esse outro homem [citado nos evangelhos], os apóstolos tinham fé de que realmente usava “seu nome para expulsar demônios” (Mc 9.38). Portanto, mesmo que não tivesse um vínculo formal com os “outros” seguidores de Jesus, parece que, de alguma maneira, possuía de fato um vínculo vital com o próprio Jesus, a ponto de Cristo afirmar que não “falará mal de mim a seguir” (Mc 9.39), e parece muito seguro de que não fará isso.

Tanto os apóstolos, como os fariseus, como nós, tínhamos/temos uma insana inclinação a impedir – o que não é outra coisa que um afã de controle, ou uma falta de confiança na sua validez:

  • “Pedro o chamou de lado e começou a repreendê-lo por dizer tais coisas. ‘Jamais, Senhor!’ (…)” (Mt 16.22);
  • “(…) ‘Deixem que as crianças venham a mim (…)’” (Mt 19.14);
  • “Dois cegos (…) começaram a gritar: ‘Senhor, Filho de Davi, tem misericórdia de nós!’. ‘Calem-se!’, diziam aos brados os que estavam na multidão (…)” (Mt 20.30-31);
  • “(…) chegou um mensageiro, a quem disse: (…) ‘Não incomode mais o mestre’” (Lc 8.49);
  • Jesus disse: “(…) ‘Vocês se apossaram da chave do conhecimento e, além de não entrarem no reino, impedem que outros entrem’” (Lc 11.52);
  • João disse: “(…) nós o proibimos, pois ele não era do nosso grupo’” (Mc 9.38).

Desse ensino de Jesus, podemos e devemos tirar algumas conclusões relativas à tarefa global: Jesus não gosta de grupos ou atitudes exclusivistas entre os seus. Ele acredita na diversidade. Por isso, no trabalho de campo, deve ser um objetivo prioritário guardar esse equilíbrio entre diversidade e unidade. Chegar aos confins da terra significa não apenas chegar aos cantos esquecidos do planeta, mas também proclamar Jesus [aqui e ali] onde não o conhecem, ou não o conhecem bem. Se queremos proclamar seu nome com autoridade e dignidade, não podemos fomentar rivalidades, disputas e desqualificações entre os que reclamam o direito de anunciá-lo.

As divisões diminuíram nossa credibilidade para representar só Jesus. Agora, por mais lamentável que seja, o que está feito, está feito. E daqui para frente? As igrejas e/ou as denominações, os grupos, as organizações quaisquer que sejam… todos os que invocam seu nome devem extremar seus cuidados para não “desqualificar” Cristo. Porque isso é o que fazem/fazemos quando se atrevem/nos atrevemos a desqualificar “outros” que invocam também seu nome. Ainda mais ao levar seu “nome” ali “onde Cristo nunca foi ouvido” (Rm 15.20)! Nós nos dedicaremos a anunciá-lo e, ao mesmo tempo, desmembrá-lo?

As denominações, as distintas teologias… devemos vê-las como fruto da riqueza da análise e práxis na hora de definir a fé e aplicá-la à vida comunitária. Isso nos obriga a revisar continuamente nossas “convicções” e, portanto, nos aprofundarmos, termos um entendimento mais vasto de tudo o que foi revelado e, em consequência, nos aprofundarmos na comunhão com Deus. Precisamos de todo o amparo das Escrituras, do Espírito Santo e da ação acumulativa e assimiladora da igreja universal, “coluna e alicerce da verdade” (1Tm 3.15). Sou muito consciente das dificuldades que isso apresenta na prática em muitos casos, mas creio que Jesus esperava de nós um espírito conciliador, mais que um espírito divisor. Contudo, insisto: nos lugares em que Jesus é “desconhecido” (e faltam poucos lugares!), ou melhor, nos lugares nos quais há um conhecimento distorcido dele, não vamos nós chegar e distorcer ainda mais, desenterrando o machado de guerra contra outros que também o invocam. É muito triste, mas parece que o vício da divisão já é algo patológico, tanto que queremos exportá-lo a terras virgens. Atente-se a estas palavras: “Quem não é contra nós/nós é a favor de nós/vós” (Mc 9.40)! Jesus busca nos grupos que o invocam uma qualidade: “não ser contra” outros que o invocam.

A chave não é trazer a todos os grupos sob um só teto institucional, mas NÃO estar uns contra os outros. Não devemos acabar com a diversidade, mas devemos acabar com a rivalidade. Jesus não se importa que haja distintos grupos. O que lhe importa é que esses grupos não façam com que outros caiam. O que também lhe preocupa é se esses grupos estão mais interessados em levar seu próprio estandarte do em que proclamar pura e absolutamente seu nome.

Quando as denominações, a diversidade de opiniões, a variedade de iniciativas e as formas díspares de fazer a obra não são um mal em si, mas uma riqueza de expressão e de ação? Quando refletem humildemente a variedade e são conscientes de que se complementam mutuamente na proclamação da verdade. E [só] refletem a variedade e se complementam na proclamação da verdade quando não se desqualificam mutuamente: “o que não é contra… é a favor…”.

Se o próprio Jesus se negou a criar um grupo exclusivo de seguidores, quem somos nós para o “termos” como pastor de nossa lista de membros com exclusividade? Quando Jesus fala que haverá “um só rebanho e um só pastor”, não está falando de unidade formal, mas da reconciliação de distintos povos (redis), ou seja: judeus e gentios. “Tenho outras ovelhas, que não estão neste curral. Devo trazê-las também. Elas ouvirão minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor” (Jo 10.16). Porque os salvos “entrarão e sairão” (Jo 10.9), não estarão confinados em um só “curral”.

Lembro-me de uma das primeiras reações ao compartilhar a mensagem em terras muçulmanas: “Já não há quem escute em seus países, de tão divididos que estão, e agora vêm para nos dividir”. O mundo nos diz: “Por que vamos acreditar se não entram em um acordo entre eles?”. Não que devamos nos mover com base na opinião dos demais, mas devemos ser sensíveis se o que queremos é dar um bom testemunho.[3]

Um dos maiores danos à credibilidade da tarefa global tem sido o empenho dos que proclamavam seu nome em desqualificar-se mutuamente. No mesmo sentido, está querer arrastar os novos convertidos para a própria bandeira em vez de aglutiná-los ao redor da fidelidade pura e exclusiva a Jesus. Em vez de educá-los para que “aceitem” todo aquele que Cristo “aceitou”, e “não [para que] discutam sobre opiniões do que é certo ou errado” (Rm 14.1, 3). “Portanto, aceitem-se uns aos outros como Cristo os aceito, para que Deus seja glorificado” (Rm 15.7).

Jesus não formou um grupo fechado com os seus! Se devemos pregar com o exemplo, qual exemplo de unidade em Cristo estamos dando? Estamos “dividindo Cristo” ou proclamando a reconciliação dos povos, demostrando isso pelo exemplo entre nós? O evangelho é, antes de tudo, reconciliação com Deus. Mas, parafraseando João: se não [sabemos conviver com] nosso irmão, a quem vemos, como [podemos pretender estar reconciliados com Deus], a quem não vemos? (1Jo 4.20). O modelo de Jesus é um modelo de compromisso absoluto com ele. E o compromisso absoluto com ele demanda um compromisso absoluto em proclamar um só nome. Parafraseando desta vez Tiago: como podem sair das mesmas bocas que invocam seu nome impropérios contra outros que também o invocam? (Tg 3.10). Nosso evangelho é um evangelho de pureza doutrinal ou de pureza fraternal? E aqui, que não saltem nossas reflexões “protestantes” acumuladas por séculos para argumentar que devemos somente à “verdade” do evangelho. Porque não estou falando de comprometer a verdade, mas de andar em amor com todos aqueles abraçam o que é a verdade. Sendo assim, a humildade deve ser nossa motivação, nossa atitude e nossa meta. Se queremos glorificá-lo, apenas a Deus, devemos perder todo protagonismo!

Se queremos ser próximos de todos, como Jesus… Se queremos chegar às pessoas da rua sem não representar nenhuma facção… Se queremos ser apenas vozes da mensagem do céu… Devemos começar a mostrar e demostrar esse desapego de todo partidarismo em primeiro lugar entre nós!

5) O poder de sua simplicidade longe de sensacionalismos

Jesus se saía bem tanto entre as multidões quanto no recolhimento da conversa privada. Em ambas as situações, ele se oferecia como a resposta a tudo que seus interlocutores estavam buscando sem recorrer aos métodos dos charlatões da época. Fazia isso tanto outorgando restauração para suas vidas terrenas como oferecendo sentido para suas vidas eternas de forma franca, direta e imediata. A simplicidade na atitude de Jesus ajuda-nos a identificar pontos crucias para lidarmos com circunstâncias nas quais não dispomos de liberdade para pregar o evangelho, ou seja, situações em que recursos de contextos mais favoráveis nos faltam.

Vale destacar que estas reflexões são sobre o modelo de Jesus, não sobre seus métodos ou metodologia. Ambas as coisas podem se confundir, e geralmente se confundem. Falar sobre o método requereria que nos centrássemos em como visitava sistematicamente pessoas e aldeias. Ou em como enviava seu discípulos de dois em dois. Ou em como animava seus discípulos a não tomar consigo nenhum tipo de apetrecho. Ou quais consignas e mensagens lhes dava para que ensinassem. Ou em como os enviava para curar doentes e libertar endemoninhados e assim por diante. Alguns aspectos de seu método dependiam, em grande medida, das circunstâncias que Jesus viveu.

Centrar nosso foco no modelo de Jesus, em contrapartida, significa nos centrarmos nele como exemplo, no arquétipo que ele é e que pode extrapolar a toda classe de contextos e circunstâncias. Significa nos centrarmos em suas ênfases, em suas motivações, em suas metas, e tirar conclusões para nossos dias. O que buscava ou de que fugia ao reagir dessa ou daquela maneira diante de tal ou qual situação. Como se aproximava dos marginalizados ou dos proeminentes, e o que oferecia a uns ou a outros quando se encontrava com eles. Como se misturava com todo mundo, mas rejeitava os valores do mundo, e como discordava de anúncios políticos e se desviava de suas armadilhas. Como exercia a autoridade por meio do serviço, e como vinha reparar as disputas e divisões criadas pelo homem. Tudo isso já destacamos até aqui. Agora é a vez de ver como, sem mais recursos além de sua pessoa e autoridade celestial, prescindia de qualquer espetacularização e engenho humano. Não fazia uso de “argumentos persuasivos e astutos”, como também fez Paulo (1Co 2.4), ou seja, não lançou mão de técnicas de retórica ou de artes de persuasão, mas firmou-se “no poder do Espírito”.

Trata-se de focarmos não nas formas, mas no argumento. Jesus não evitava as multidões. Mas o que é que ele esperava delas? Buscava notoriedade? Um acompanhamento cego do gentio? Em que dava mais ênfase? Qual é o fim que perseguia? Anunciava um novo reino do qual ele vinha como o Rei Messias anunciado. No entanto, quando quiseram proclamá-lo rei, Jesus simplesmente desapareceu da cena (Jo 6.15). Quando se oferece aos “cansados e sobrecarregados”, descreve-se a si mesmo como “manso e humilde” (Mt 11.28-29), ao mesmo tempo que reclama para si a mesma honra do Pai: “(…) que todos honrem o Filho como honram o Pai. Quem não honra o Filho certamente não honra o Pai, que o enviou” (Jo 5.23).

Não podemos evitar a pergunta: o que Jesus buscava, passar desapercebido ou deslumbrar? Queria a fama ou rejeitava toda a pompa e acolhimento? Mais ainda, buscava comover as multidões ou mudar os indivíduos? E, para fazê-lo, recorria à sujeição e contágio das massas, ou praticava a simplicidade e buscava o momento reservado? Ao ler os evangelhos, encontramos passagens que parecem respaldar tanto uma coisa quanto outra. Pregava e curava em público, arrastrando grandes multidões (Mt 4.23-25; 5.1; 8.1; 12.15; 13.2; 15.30; 19.2 etc.), assim como ensinava no reservado e operava milagres a portas fechadas (Mt 6.5-6; Mc 7.33; 8.23; Lc 8.51 e outros tantos em João). E nisso também os apóstolos seguiram seu exemplo (At 2.6, 14.11, 9.40 etc.). Em alguns casos, até repreendia aqueles que curava ou libertava para que não divulgassem seu nome e guardassem seu anonimato (Mt 8.4; 9.30; 12.16; 16.20; 17.9). O modelo de Jesus é, portanto, um modelo aberto tanto às multidões quanto aos mais próximos, nos encontros pessoais, mas longe do sensacionalismo e de técnicas de manipulação de massas.

A partir do século 4, o cristianismo se converteu progressivamente em uma religião de templos, de liturgia ou de celebrações, de efeito imponente dos fiéis em adoração. Mas pode sobreviver onde não há tais recursos disponíveis? Como faria Jesus ali onde não há templos cristãos, nem multidões que o aclamam? Onde a música e a adoração não fazem vibrar o coração do ouvinte? Onde o ouvinte não está em um auditório que o fixe nos discursos que ressoam do púlpito? Onde a campanha midiática não preparou sobre as excelências do pregador? Onde a encenação não impacta o espectador, e não há uma multidão exaltada que o contagia? Onde a mensagem e o mensageiro são desconhecidos e vistos, quem sabe, como intrusos ou, inclusive, como uma ameaça?[4]

A igreja (a comunidade) é a manifestação corpórea e palpável de Jesus na terra para hoje e agora. Seu corpo místico. Assim, a comunidade junta, adorando, aclamando e celebrando é o primeiro instrumento escolhido por Deus para se dar a conhecer aqui e agora. Não em vão Paulo nos exorta dizendo: “Mas, se todos vocês estiverem profetizando e descrentes ou pessoas que não entendem essas coisas entrarem na reunião, serão convencidos do pecado e julgados por aquilo que vocês disserem. Ao ouvirem, os pensamentos secretos deles serão revelados, e eles cairão de joelhos e adorarão a Deus, declarando: ‘De fato, Deus está aqui no meio de vocês’”(1Co. 14.24-25). E Tiago adverte: “Se, por exemplo, alguém chegar a uma de suas reuniões (…) e [vocês] dizerem que têm fé [em Cristo] se não a demonstram por meio de suas ações, (…) a fé está morta” (Tg 2.2 e o restante do capítulo). Deus se manifesta na congregação e por meio dela. Mas a congregação não são as quatro paredes do templo. Nem deve ficar limitada a elas. Mais ainda, naqueles contextos em que não há templo nem quatro paredes, aquele Jesus dos templos não deve amordaçar o Jesus das ruas. Uma coisa não deve cancelar a outra. A necessidade e a benção da celebração com as pessoas reunidas não deve nos incapacitar de levar Jesus pela via pública, às margens, aos lugares mais recônditos. E também não estou falando de manifestações multitudinárias nas ruas como “A Marcha para Jesus”,[5] que podem ter e têm seu lugar. Mas falo de saber refletir a Jesus com autoridade sem ter o tempero das multidões. Nesse ponto, não quero entrar no caminho que tomam alguns eventos, assemelhando-se mais a um espetáculo de entretenimento que faz vibrar as emoções coletivas, mas que não trazem transformação na vida particular.

A adoração genuína e a pregação da Palavra viva são instrumentos imponentes nas mãos do Senhor para aproximar a terra do céu e fazer descer as bênçãos do céu sobre a terra. Não é apenas a expressão sublime, trata-se de se conectar com o próprio autor da glória. Isso porque centra-se – de coração, de palavra e de fato – no Criador, no criador da lírica, da melodia, de todas as harmonias. Não é apenas beleza, é revelação. Deus fala, Deus se manifesta, Deus transforma por meio do louvor santo e da Palavra exposta com autoridade profética. E esses são meios, não uma meta em si. Quando tudo se apoia no cálculo da encenação, aproxima-se perigosamente de uma liturgia oca, de um címbalo que ressoa. Como diria David Wilkerson, transforma-se em adoração ao bezerro de ouro. Se dependemos disso, o que ocorrerá quando nos encontrarmos em lugares desprovidos de todos esses recursos? Não teremos nada a oferecer ao mundo!

Podemos dizer que Jesus fugiu de toda classe de utilitarismo e espetacularização multitudinário. E graças a Deus que o fez! Por que agiu assim? Por que não havia chegado sua hora? Por que esperava o desenlace da cruz? Ou, como disse em João, para que aquelas multidões que o seguiam buscassem o que realmente é duradouro: “(…) Vocês querem estar comigo não porque entenderam os sinais, mas porque lhes dei alimento. Não se preocupem tanto com coisas que estragam, como a comida, mas usem energias buscando alimento que permanece para a vida eterna, o qual o Filho do Homem pode lhes dar (…)” (Jo 6.26-27). E o que aconteceu quando se encontrou com uma estrangeira ao pé do poço na região samaritana, fora das multidões que o aclamavam? Com alguém que, além de tudo, via a religião de Jesus como antagonista (Jo 4.20)? Jesus ofereceu-se a si mesmo como resposta à busca de vida (Jo 4.10, 14). O que ocorre quando nós nos encontramos em um lugar estrangeiro a sós e somos vistos como uma ameaça?

Uma das coisas que mais me chamaram a atenção ao chegar a Istambul foi a quantidade de psiquiatras que se anunciavam nos edifícios. Por que tantos “doutores do espírito”, como se expressa em turco? (Sugestiva expressão!) A razão era que havíamos nos instalado perto de um hospital psiquiátrico. No entanto, nunca antes eu tinha encontrado tanta gente tendo ataques de epilepsia pelas ruas. Quando, por fim, conseguimos reunir alguns poucos interessados pelo evangelho, entre eles havia uma jovem com problemas de epilepsia. Enquanto louvávamos, ela teve um ataque, e todos os presentes começaram a orar por ela. O ataque parou e, depois de algumas tantas ocasiões mais em que seguimos orando por ela, o Senhor a libertou de sua dor.

Mas o que ocorre quando você se encontra com alguém na rua soltando espuma pela boca e um grupo de gente tentando evitar que a cabeça bata contra o pavimento? O que fazer? Não estão ali reunidos para escutar você, não estão esperando que alguém exponha o evangelho, não há uma equipe de música que cubra a cena com sua melodia, não há microfones que magnifiquem a oração elevada… Que faria Jesus em tal situação? O que nós deveríamos fazer? Sempre que me aproximei e orei “no nome de Jesus” (às vezes em voz alta, às vezes por pensamento), a pessoa em questão voltou a si imediatamente, e isso resultou em uma oportunidade para glorificar a Jesus: “É Jesus quem te levantou”. Depois de deixar um cartão ou um bilhete com um endereço de contato, me despedia. Mas quantos chegaram à igreja depois disso? Nenhum!

Da mesma forma, são muitos os que clamam na porta da igreja em Istambul cheios de ataduras ou angústias espirituais e pedem auxílio. Todos foram recebidos e ajudados com oração. E, na maioria dos casos, o Senhor respondeu de forma fulminante. Mas quantos se converteram? Nenhum! Chegou um ponto em que comecei a pedir ao Senhor pelo “décimo leproso”, aquele que dentre os dez curados foi o único que regressou para agradecer (Lc 17.11-19). Aqui Jesus também não recorreu a uma encenação espetacular. Simplesmente mandou que se apresentassem perante o sacerdote, e, no caminho,  curaram-se. Ele não necessita de um ambiente propício para ser ele, para libertar e para chegar ao coração, inclusive dos menos predispostos.

Aqui aparecem duas perguntas. A glória de Jesus se manifesta apenas quando “o leproso” regressa? E devemos nos render quando não há “resultados” visíveis? Passados sete anos, o Senhor respondeu meu pedido sobre “o décimo leproso”. Uma jovem chegou à igreja com seu pai. Estava desesperada porque nem curandeiros, nem clérigos muçulmanos, nem psiquiatras, nem medicação, nem hospitais puderam ajudá-la. Pediu oração, e os levei para orar. No meio da pregação, ela sofreu um ataque violento, as pessoas se distanciaram, os bancos caíram, alguém gritava: “Chamem uma ambulância!”. Nós nos aproximamos e simplesmente oramos. Ela voltou a si, agradeceu, e, pouco depois, foi embora. Um médico que estava de visita na igreja disse que ia nos denunciar por não termos ligado para a emergência… Com todo o alvoroço, me perdi da menina, não reparamos nela, e não voltamos a vê-la.

Anos mais tarde, um dia apareceu uma jovem com seu primo. “Você se lembra de mim?”, perguntou. “Não”, respondi. “Faz sete anos, vim um dia à igreja…”, e me refrescou a memória. Como esquecer a discussão! Ela me explicou que foi embora com sua família para a Europa. O Senhor a curou naquele dia que nos visitou. Fazia um ano que tinha se convertido e se batizado na Finlândia. Agora, trazia seu primo de Istambul para que orássemos por ele, pois sofria do mesmo tormento.

Não houve preparação, não havia música de fundo, não se relataram casos anteriores de curas para promover “a fé”, não houve apelo à frente, e, mais, quisemos orar com ela a portas fechadas para não alvoroçar. Mas a situação explodiu, e tivemos de sair da forma como pudemos. Nem sequer pudemos nos centrar na menina, tamanha a confusão que houve. Mas nós havíamos invocado “seu nome”. Ele fez o resto!

A resposta para as duas perguntas é clara. Apesar de não ter havido “resultados” visíveis, Jesus foi invocado e, portanto, exaltado. E não se deve desistir, porque, seja como for, quando seu nome é proclamado, sua mensagem é anunciada, e seu exemplo é dado a conhecer. Ele, antes ou depois, de alguma maneira, se manifesta. É ele quem muda uma a uma as pessoas, tenhamos notícia disso ou não. É ele quem marca os tempos. E é ele quem, com a soma dessas mudanças, um dia transformará (e por isso abençoará) uma sociedade inteira. Apenas invocando seu nome. Sem outros recursos, sem métodos, sem fórmulas, sem adereços, sem sujeição das massas, sem artifício. “Filipe disse: ‘Senhor, mostre-nos o Pai, e ficaremos satisfeitos’. Jesus respondeu: ‘Filipe, estive com vocês todo esse tempo e você ainda não sabe quem eu sou? Quem me vê, vê o Pai! Então por que me pede para mostrar o Pai?’” (Jo 14.8-9). Mostre Jesus e isso nos bastará! Exista ou não um “ambiente” propício.

Do contrário, para que desperdiçamos nossos recursos (incluindo nós mesmos e nossas famílias) em terras que nos têm como persona non grata? Há alguns anos, o líder de uma igreja multitudinária latino-americana de muito renome visitou Istambul. Pregou com toda sua unção a um grupo, para a época, numeroso. Fez com que se movessem, saltassem, clamassem… mas não obteve nenhum resultado. Sua conclusão? “Aqui eu não envio ninguém porque morrerá”, espiritualmente falando, pela falta de resultados claros. O que é que disse Paulo diante da decepção sofrida com os coríntios? “Sim, vivemos sob constante perigo de morte, porque servimos a Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste em nosso corpo mortal. Assim, enfrentamos a morte, mas isso resulta em vida para vocês” (2Co 4.11-12). Qual é a nossa meta? Obter créditos de nosso ministério ou glorificar a Jesus? Quando Jesus ensinou e se ofereceu a todo necessitado ou buscador, não foi para engrandecer-se a si mesmo, por mais que o objetivo do evangelho seja sua glória. “Se eu quisesse glória para mim mesmo, essa glória não contaria. Mas é meu Pai quem me glorifica” (Jo 8.54). Quando exerceu sua autoridade e poder, não lançou mão de métodos de manipulação coletiva. Na verdade, evitou que o aclamassem por mera manifestação da turba. Não se aproveitou da credulidade das pessoas, nem da propensão do povo judeu por aclamar um messias, como se sugere na paródia “A vida de Brian”, filme do grupo Monty Python (1979). Na verdade, fez o contrário. Evitou qualquer outro foco de interesse ou de influência que não fosse a fé simples em Deus. Evitou que as pessoas o seguissem por sua fama de milagreiro. Aproveitou para ter encontros recolhidos e isolados para que a pessoa necessitada pudesse centrar toda sua atenção nele. Nunca lançou mão de nenhum tipo de coação emocional ou recurso psicológico.

Não tinha necessidade disso, porque “Toda a autoridade no céu e na terra me foi dada” (Mt 28.18). Esse é o modelo que nos deixou e ao que temos de recorrer quando não nos resta nenhum outro recurso além de sua autoridade e seu nome. Que não é coisa pouca!

É importante esse tema? Sim! Porque muitas vezes estão oferecendo substitutos de Jesus, ou um Jesus em pílulas. Os focos deslumbram, a música fascina, a multidão surpreende, o pregador seduz: “Dê um passo à frente e…”. Mas as vidas não mudam. E não se formam discípulos de Jesus, seus seguidores genuínos! Os seguidores, é necessário fazê-los um a um, passo a passo, dia a dia… Até alcançar todo o coletivo!

A Parte 3 de “O modelo de Jesus como um protótipo para a missão” está disponível aqui

 

O texto foi extraído do livro Recomponiendo La Missión Con Jesús – Reflexiones sobre la misión, sobre la tarea global y sus implicaciones para el mundo [Recompondo a missão com Jesus – Reflexões sobre a missão, sobre a tarefa global e suas implicações para o mundo], publicado na Espanha por Impresiones em 2018. O Martureo recebeu autorização do autor para traduzi-lo e publicá-lo. Tradução: Lucas F. R. Juknevicius. Edição: Fernanda Schimenes.

Sobre o autor

Carlos Madrigal nasceu em 1960 em Barcelona e reconheceu Jesus como Senhor e Salvador com 20 anos. Formado em Belas Artes, de 1982 até 1995, trabalhou em diversas agências de publicidade como diretor de arte, tanto na Espanha quanto na Turquia. Em 1985, ele e a família mudaram para Istambul para servir ao Senhor ali, onde estabelecem várias igrejas e diversos ministérios que continuam liderando até hoje. Estudou também Literatura Turca (Universidade de Istambul) e Teologia. Em 2001, começou a trabalhar oficialmente como pastor fundador na Igreja Protestante de Istambul, primeira igreja evangélica não étnica reconhecida oficialmente pelo governo da Turquia (www.fipestambul.org). Publicou 15 títulos em língua turca de temas diversos: devocionais, doutrinais, evangelísticos, exegéticos e apologéticos.

 

[1] Não é tanto ou apenas a cristologia o que nos divide, mas uma série de outros ramos da teologia, como a soteriologia, a escatologia, a pneumatologia, a eclesiologia etc. A cristologia aqui é representativa.

[2] Não se deve confundir a unidade com a uniformidade. Nem a diversidade com a divisão. É legítimo ter diferentes opiniões e formas. É, inclusive, enriquecedor, e ajuda a igreja a se adaptar a múltiplos contextos e tempos, além de impulsioná-la a polir sua teologia e práxis. Às vezes, existem pontos de vista irreconciliáveis, então se separar em paz pode ser o melhor. Não pelo despeito, mas para fazer a tarefa sem servir de estorvo uns aos outros. Em outros casos, pode ser inevitável sair “fora do acampamento” (Hb 13.13), ou seja, da união formal, se está em risco a exclusividade de Jesus (o caso dos hebreus e os sacrifícios). Não por rivalidade, mas para nos aferrarmos mais a ele. O que é contraproducente é desqualificar os que não têm um vínculo formal conosco. Aos olhos do mundo, isso é desqualificar a Cristo, por mais que possamos pensar o contrário.

[3] É o que Jesus nos diz em João 13.35.

[4] Tais exemplos podem servir tanto para o contexto de lugares em que a pregação do evangelho é proibida como para o context da pandemia de Covid-19, em que as reuniões presenciais precisaram ser canceladas em muitos lugares ao redor do mundo. (N. do E.)

[5] A Marcha para Jesus é um evento interdenominacional anual no qual os cristãos se manifestam pelas cidades aclamando-o. A primeira aconteceu em Melbourne, Austrália, em 1983.

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