Missão transformadora de David Bosch: um livro para incomodar

por Rafael Zulato Langraff

Este ensaio tem por objetivo apresentar minhas impressões após a leitura do livro “Missão transformadora: mudanças de paradigmas na teologia de missão”, servindo de pré-abordagem para munir o leitor de algumas informações importantes antes do estudo deste livro que é – ao meu ver – uma leitura obrigatória para reflexão acerca da teologia da missão. Este texto é a primeira parte de uma série, a ser seguido por quatro artigos que abordarão tópicos específicos e relevantes do livro de David Bosch, alguns citados já neste ensaio.

 

Em uma biblioteca pessoal é provável que existam diversos livros que ultrapassem as seiscentas páginas, no entanto, quase em sua totalidade, estes consistirão em livros de consulta (dicionários, manuais etc.) que não têm por objetivo – ainda que possam – serem lidos de capa a capa. No entanto, este é apenas o primeiro aspecto – e o mais superficial de todos – que causa incomodo ao nos depararmos com o livro “Missão transformadora” de David Bosch.

O volume do livro se justifica no método e objetivo utilizados pelo autor. Bosch escreve um texto de cunho histórico com abordagem sociológica e não filosófica. Deste modo, o autor não se ocupa em discutir os diversos conceitos que aparecem no decorrer da história ao descrevê-los expondo suas debilidades, raízes e inconsistência como modelos válidos para os dias atuais. Baseado na hipótese de Thomas Kuhn, David Bosch defende que as mudanças teóricas na história ocorrem através de paradigmas, onde cada novo paradigma justapõe até substituir o anterior. Segundo ele, encontramos estas mudanças na história da missão. Bosch descreve, primeiramente, as bases da missão no contexto da igreja primitiva, dos evangelistas e de Paulo, em seguida, as mudanças de paradigmas no desenvolvimento da igreja nos primeiros séculos (patrística), na idade média, na reforma protestante e, por fim, no período moderno iluminista onde moram as raízes mais profundas e o modelo defendido pela igreja atual. A tese central do livro é que estamos vivendo um novo período na história que requer um novo paradigma de missão.

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